Angústia, aflição, desesperança. Muitas pessoas passam por situações de provações e tormentos, sofrendo dores na alma com as quais, algumas vezes, não se sentem capazes de lidar. Tal sofrimento desmedido pode levar a quadros graves de depressão, que, em alguns casos, podem culminar no ato humano mais extremo: o de tirar a própria vida. Diante de estatísticas que registram um aumento gradativo dos casos de suicídio no mundo, com a Organização Mundial de Saúde (OMS) revelando que uma a cada 100 mortes no planeta ocorrem por suicídio, o colocando como uma das principais causas de óbito da atualidade, o que a Bíblia diz sobre o assunto? O que a Igreja pensa sobre isso? O suicídio é considerado um pecado? Há salvação para os suicidas? (meta description)
Segundo relatório divulgado pela OMS em 2021, relativo aos casos de suicídio em 2019, mais de 700 mil pessoas tiraram suas próprias vidas no período avaliado.
O estudo mostra que uma a cada 100 mortes no mundo ocorre em decorrência do suicídio, fazendo com que essa causa de morte supere anualmente os óbitos decorrentes de HIV, malária, câncer de mama, guerras ou homicídios.
Diante desse cenário alarmante, a temática do suicídio, por mais controversa e delicada que seja, passou a ocupar espaços de debate nas mais diversas esferas.
O que acontece é que muitas vezes o debate toma um caráter excessivamente emocional, que se afasta de uma reflexão bíblica mais aprofundada.
Afinal, o que os textos bíblicos nos dizem sobre o tema? O gesto suicida é perdoado por Deus? Quem o comete perde a salvação?
Dom divino
Em linhas gerais, a Igreja, firmada na Palavra de Deus, concebe a vida como um dom divino. Logo, como algo sagrado e que só pode ser tirado por Deus.
No Antigo Testamento, o sangue é representado como a santidade e a inviolabilidade da vida humana. Nesse sentido, derramar o próprio sangue, ou o de alguém, viola a propriedade divina.
“Eu pedirei conta de vosso sangue, por causa de vossas almas, a todo animal; e ao homem (que matar) o seu irmão, pedirei conta da alma do homem. Todo aquele que derramar o sangue humano terá seu próprio sangue derramado pelo homem, porque Deus fez o homem à sua imagem” (Gênesis 9, 5-6).
No 5º Mandamento, também fica demonstrado que Deus é o único Senhor soberano sobre a vida e a morte: “Não matarás” (Ex 20,13).
O mandamento acrescenta: “Homicídio e a cumplicidade no assassinato. Implícitos estão os crimes de guerra. Implícita está a interrupção voluntária da gravidez (aborto) de um ser humano, desde a sua concepção. Implícito está o suicídio, a automutilação e a autodestruição. Implícita está a eutanásia, ou seja, matar pessoas portadoras de deficiência, doentes e moribundos” (YOUCAT 379).
Pecado imperdoável?
Ao longo da história, muitas posições foram defendidas pelo catolicismo a respeito do suicídio e sobre as consequências desse ato ao cristão que o cometeu.
A primeira das posições era a crença de que o suicídio seria um pecado mortal, imperdoável, e que quem o cometesse, sob qualquer circunstância, seria enviado irremediavelmente ao inferno.
Outras vertentes de pensamento, e outras religiões trabalhavam com a ideia de que um cristão nunca chegaria a cometer suicídio, pois seria impedido antes por Deus.
Com o desenvolvimento das ciências psíquicas humanas, a Igreja se viu inclinada a rever posições em relação ao tema, passando a considerá-lo como o fruto de uma situação de desequilíbrio mental.
“Na cruz, Cristo não nos tornou justificáveis, mas justificados.” (Romanos 3:23-26, Romanos 8:29-30)
Salvação
O suicídio é um assunto polêmico, como já comentamos. A interpretação da Bíblia varia de acordo com a religião e crenças envolvidas. Via de regra, entendemos que Deus nos trouxe a Bíblia como um guia não só para a salvação, mas também para guiar nossas ações no dia-a-dia.
Se o indivíduo está com pensamentos suicidas, a palavra divina vem para a acolher, para ajudar a pessoa a sair do sofrimento e começar a ver outros caminhos para seguir a vida.
Portanto, se você ou outra pessoa está com pensamentos do tipo, é importante buscar ajuda. A ajuda pode vir de um sacerdote, de alguém da sua família ou até de um profissional da saúde.
Há também a possibilidade de conseguir ajuda por telefone, discando 188. É o telefone da Central de Valorização da Vida. No site, você também encontra o chat para conversar com alguém que vai compreender o que está se passando com você. É totalmente anônimo e as conversas são mantidas em sigilo.
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